sexta-feira

É “di grátis”!


Texto do Blog: http://www.stories.org.br/querocontar

(Quero contar é um diário de uma criança especial, segundo a visão de seu Pai adotivo, que relata o que acha que seu filho gostaria de escrever…)

É “di grátis”!

Meu pai conversou com uma pessoa que não conseguia entender a razão de me adotar. Explico. Na religião dela, as pessoas fazem um monte de coisas — fazem caridade, preces, ajudam os doentes, distribuem mantimentos, reencarnam — para evoluir espiritualmente. Quando meu pai disse que nada disso adianta, deu um “tilt” na cabeça da pessoa.
Para ela, se o lugar no céu — ou seja lá como você diz isso — não é ganho por nossos esforços, por que adotar o Pedrão aqui se meu pai não ganha nada com isso? Ele não conseguiu explicar, ou pelo menos ela não conseguiu entender, então vamos ver se eu consigo. Você está vendo a foto acima? E viu a foto da última vez? Aquela da mensagem “Éramos mais do que seis”.Pois é, a foto de outro dia é como passei a viver depois que fui adotado. A foto acima não é de minha família, mas é de uma muito parecida com o lugar de onde eu vim. Eu vivia assim e passei a viver de outro jeito. O que eu fiz para merecer isso? Nadinha. Neca treca de pitibiriba. Veio tudo de graça no pacote.Alguém me amou e quis fazer isso, entendeu? Alguém olhou para mim, viu minha miséria, me amou e me deu uma vida melhor.

Assim é com o evangelho. Deus nos amou e deu o Seu Filho, Jesus, para morrer numa cruz para nos salvar. Simples assim. Não fizemos nada para merecer. Ele amou porque quis e Ele quis nos dar a vida eterna porque quis. É só se deixar levar por esse amor.Foi o que fiz. Me deixei levar. A única condição para ser adotado foi meu estado miserável. A única condição para alguém ser adotado por Deus e se tornar Seu filho é estar em um estado miserável — se reconhecer pecador. É Deus quem faz tudo. Por isso se chama “graça” e não “troca”, “escambo”, “barganha”, “pagamento” como muitas religiões por aí querem fazer crer. Graça é favor imerecido.”O QUE?!!!” Dirão os religiosos indignados, e foi o que aquela pessoa disse ao meu pai. “Quer dizer que todos os meus esforços, minha caridade, minhas esmolas… Nada disso vai contar?!!” Exatamente. Nada disso vai contar, porque Deus não pediu seus esforços.
Ele só precisava de Seu Filho Jesus morrendo na cruz para salvar você. O resto é religião de Caim.”Religião de Caim?!” Sim, lembra que ele quis oferecer a Deus o fruto de seu trabalho — deve ter sido frutas, cereais, verduras que ele plantou e colheu com muito esforço — e Deus não gostou? Não gostou mesmo, de jeito nenhum! Mas gostou da oferta de Abel. Qual foi? Um animal — talvez um cordeiro — morto. Nada que tenha se esforçado para conseguir, uma criação de Deus. Um cordeiro morto lembra você de alguma coisa? Pois é, era só isso que podia agradar a Deus. O Cordeiro de Deus.E as nossas boas obras? Deus nos salva e depois ficamos por aí de mãos abanando? Calma, meu! Deus nos salva para um propósito: adorá-Lo. E começamos a fazer isso a partir do momento em que nos vemos salvos, libertos. Aí servimos a Ele não para receber algo, mas porque já recebemos. Ufa! Já escrevi demais e vou deixar para contar a história que quero contar numa próxima ocasião. Não perca, ok? Ela vai deixar claro onde entram as boas obras na vida do cristão.
Por amor

Bom, eu prometi que iria contar uma historinha hoje, mas você não vai entender nada se não tiver feito a lição de casa. Qual? Ler a mensagem anterior que pedirá para você ler a que vem antes dela. E principalmente comparar as fotos.

Então, como eu estava explicando, segundo a religião daquela pessoa com quem meu pai conversou, é preciso levar uma vida de esforços tentando subir uma escada cujos degraus são separados demais. Degraus que perna alguma jamais consegue alcançar. E ainda querem que alguém suba, veja só!

No cristianismo bíblico, é Cristo quem me pega lá em baixo e me leva direto para o céu, de um só passe. É cesta, sem repicar a bola no chão. Num momento você é pecador perdido; no momento seguinte à conversão você é pecador salvo. Vapt! Vupt! A condição para ser salvo? Estar perdido.

Do jeitinho que aconteceu com minha adoção. Um dia eu estava na miséria esperando a morte em um barraco. No outro, eu estava limpinho, bem alimentado e desfrutando do amor de novos pais e de uma nova família. A condição para ser curado? Estar doente.

Então onde ficam as boas obras, a caridade, essa que é a locomotiva da maioria das religiões para levar o homem a Deus? Não tem lugar algum na salvação do homem. Nada do que eu faça pode me salvar, porque a única coisa que precisava ser feita foi Ele quem fez.

E o que é mais belo do cristianismo é que, uma vez nascido de novo pela fé em Cristo, não há qualquer necessidade ou intenção de se fazer o bem visando eliminar o próprio pecado ou carma, ou reduzir o número de supostas reencarnações. Por ter sido alvo um favor imerecido, o cristão convertido faz as coisas, não para receber algo em troca (uma barganha para garantir seu futuro eterno), mas porque já recebeu tudo em troca.

Agora vem a historinha que prometi:

Num leilão de escravos colocaram à venda um escravo velho e doente. Para nada servia a não ser morrer para evitar despesas. Porém um rico fazendeiro deu um lance para comprá-lo, pagando um preço altíssimo, que seria suficiente para comprar todos os escravos do leilão.

O escravo comprado aproximou-se de seu novo senhor e ouviu de sua boca: “Pode ir embora, você está livre”. O escravo não entendeu. “E o preço que o senhor pagou?”. O fazendeiro explicou: “Paguei um valor altíssimo para ter certeza de quem ninguém cobriria minha oferta. Desde o momento em que o vi, eu tive pena de você e o amei, desejando que fosse livre. Agora você está livre. Não me deve nada.”

O escravo, em vista dessa libertação gratuita conseguida a tamanho preço, respondeu: “Por causa do que o senhor fez, POR AMOR, vou servi-lo até morrer”.

De maltrapilhos a bemtrapilhos…

(…)Ele leu um livro que gostou muito. Disse que fazia tempo que não lia um assim. É um livro cristão, “O Evangelho Maltrapilho”, de Brennan Manning, um ex-frade e alcoólico em recuperação. Pois é, um fracassado segundo os padrões de alguns. Mas é justamente disso que ele fala, que o céu é um lugar cheio de fracassados.Numa época quando tanta gente quer ser “poderoso” e “poderosa”; quando igrejas se enchem de gente atrás de milagres, dinheiro e poder; quando fiéis são contados em milhões e dízimos carregados em malões; quando fica essa rasgação de seda, de “reverendo” pra cá e “doutor em divindade” pra lá, alguém precisa lembrar que “graça” é favor imerecido dado a quem não tem e não pode nada.

O livro é um banho de kryptonita, aquela pedra verde que drenava os poderes do Super-Homem, no ego e orgulho daqueles que pensam que vão conseguir o favor de Deus porque fez alguma coisa de bom. Pessoas que se esquecem de que o céu vai ficar cheio de pessoas vazias, de “madalenas prostitutas”, “pedros negadores”, “mateus publicanos”, “ladrões da cruz ao lado” e “paulos guarda-objetos de apedrejadores de estêvãos”.

Gente sem a mínima condição, portadores de deficiências espirituais graves demais para conseguirem, sozinhos, chegar lá. Precisam ser levados por alguém, igual a quando me levam pra lá e pra cá porque minhas pernas não sabem andar e, ainda que soubessem, meu cérebro não saberia dizer pra que lado ir. O livro lembra que não são crianças boazinhas que vão para o céu, mas crianças más que serão arrastadas até lá.

Como o filho pródigo, que só voltou porque o estomago não agüentou, ou a mulher adúltera, que só ouviu uma palavra de perdão porque foi arrastada até a presença de Jesus pelos que queriam apedrejá-la, mas não com a primeira pedra. E você, vai querer chegar lá por algo que fez ou vai se deixar arrastar pela graça de Deus? Ser pecador é a única condição exigível para a viagem e no passaporte o carimbo diz “Salvo por Graça”, marcado com tinta-sangue do Cordeiro de Deus.

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